Lua Livre


As mãos cansadas abrem-se reticentes querendo libertar os pássaros .
Esses pássaros famintos de liberdade que cantam a dor , para atenuar os dias sombrios e as noites aprisionadas.
São meus reféns , os atrozes apegos violam o espaço da conduta e a luminosidade da consciência.
Sinto a péssima vibração do medo afundar crateras lunares e a culpa a apertar-se em nós de uma voz calada.
O que sou sem pio ?
Como posso não solta-los se sou também eu pássaro e eterna brisa que pertence ao movimento ?
Se dos céus a casa se faz e refaz ...continuamente , se das artérias deformadas mas firmes do coração , se fazem pousos como ramos vergados mas resistentes.
Prontos a receber a visita ensolarada e o entusiasmo da migração .
Sabendo que o peso e a exaustão são consequência da leveza do Ser que se divide em dois.
Eu aqui e tu Lá .
Eu de mão trêmula mas aberta... pronta para te deixar onde quiseres ficar  , entregando-te nas folhas riscadas de palavras desnecessárias.
E tu sei lá... cada vez mais distante na asa do mundo que te permeia o tempo de poesia ...sem os meus versos.
Hoje vou deixar algo teu nas ruas vigilantes e esperar que se desfaça para que me desencarcere , para que me esqueça e solte para a Primavera florida de Novas Letras.

Novas Bonitas Letras.



Sarah Moustafa

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