A Lua e o Úrano



Ensinaste-me que não existem Impossíveis !
Ousado , como só tu sabes ser , puxaste-me de encontro á beira de vários precipícios.
Gritaste , Salta !
E eu respondia tremendo de medo ,  que não conseguia.
Agarravas-me os braços , incapaz de ouvir os meus lamentos , deixavas as marcas dos teus dedos na pele que apertavas por puro prazer, e atiravas-me na mesma.
Gargalhavas , Já te encontro!
Sem paraquedas  , sem pedidos de licença , traumatizavas-me , um bocadinho, para ser livre .
Querias destruir-me em confetis animados e coloridos, e ver a beleza da minha aura a festejar contigo , querias agarrar em mil pedaços de mim diferentes e chama-los a todos de teus .
Querias medir forças apenas para me provares que era fraca e maleável como barro nas tuas mãos.
Deste me todas as formas que quiseste, enquanto quiseste , e eu acedi transformar-me na tua criação.
Queria sentir-me viva , queria que todo o meu corpo tremesse de expectiva , porque nunca serias fiável, e eu sabia ...e acho que te escolhi por isso.
Todos os dias seriamos uma aventura , eu acabaria cheia de nódoas negras mas a rir aos teus pés, e tu envenenado com as palavras inscritas na minha pele , acreditarias sedento que te tornaria Imortal.
Nunca te conseguiria mudar ou sequer pedir-te para que te acomodasses ás minhas necessidades.
Porque tudo em ti cheirava a Terra Prometida e Irreverente.
Era eu que temia invadir-te o tempo e o espaço, era que eu temia mostrar-te metade dos meus caos emocional, porque sabia que irias fugir.
Sabia que farias shut down no momento em que a realidade chamasse e eu te pedisse chão, calma e paciência.
E que toda a Terra que não tens e eu te trago , não chegaria pelos dois .
Será que te posso culpar pelo exagero , pela urgência de viver?
Por desapareceres num piscar de olhos na tempestade de uma noite que mudou todos os planos.
Quais planos? Quais horas?
Será que me podes culpar a mim pelo meu tempo ? Por querer dar um passo de cada vez? Por ter medo e dar.te as mãos na mesma? 
O universo interviu a tempo.
Lutaríamos diariamente para nos destruir só para voltar amar.
Provocar qualquer guerra para poder ter o êxtase de fazer as pazes .
Nunca seriamos um casal normal ou sorridente para as tretas esperadas , que nos entediam aos ossos.
Não.
Tu e Eu teríamos de construir a progressão , brindarmos á casa sem tecto , á falta de horários e disciplina , aos hábitos estranhos de dois seres disfuncionais, que fariam um amor tão diferente vingar .
E funcionar enquanto fosse para ali que estivéssemos virados.
Teríamos que ser mais do que amantes ,  um crescendo de seres humanos fantásticos que se respeitariam.
Verdadeiros amigos.
O ciúme não teria lugar, a insegurança não teria lugar, o controle não teria lugar , a dependência não teria de lugar , a mentira por mais odiosa , não teria lugar.
Foi nos pedido demais.
Dizem ... vocês são demasiados loucos , no que fazem um ao outro,  e no que sentem um pelo outro.
Eu não te poderia mudar nem tu a mim.
A mudança aconteceria sozinha . 
Como aconteceu,  ás voltas na montanha russa do tempo e do despertador que toca estridente e anuncia todos os dias " Vocês são o futuro " .
Deitamo-nos apenas para o passado.
Ensinaste-me que não existe Impossíveis , entreguei-te uma confiança cega, porque sabia que estavas certo.
Não me avisaste que serias a excepção á regra e que a tua mão me iria largar, quando os olhos avistassem a prova dos céus desenhados a meu gosto.
Com tudo lá...menos tu.

Achas Justo ?




Sarah Moustafa


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