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Existes tu,
a noite,
um copo carregado,
do amargo travo,
de quem te deixou.
Bebes dele,
precisas de preencher
a boca,
de doce miséria,
são todos uns falhados,

(não acabou.
acabou.
não acabou.
acabou )

apertas a mão
queres sentir
os vidros
o corte,
o derrame,
a explosão
o poder de escolha,
onde não te foi
dada escolha nenhuma.
arrancar,
afogar,
quem sabe , o coração.

Mas a noite,
é só mais um uivo da alma.
Já vai embora .
O licor escorrega,
embalo dos sonhos,
aventura dos sentidos
anda tudo a roda,
Lá está o lobo a chorar,
quer-me.
O escorpião a trepar-me a perna,
não resiste,

A manhã desponta,
ainda existes?
Tu.
Cheia de marcas,
por onde eles
entram,
poros abertos,
doença da pele.

Ainda te lembras?
A noite passada.
A garganta em chamas,
pegadas de sangue no chão,
estilhaços cravejados,
na planta dos teus pés.
Foi real ?
Matei alguém ?
Qual de vocês ?
Sou eu a arma do crime.


Estou cheia de sede, outra vez.


Sarah Moustafa


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