A palavra.




Não sei dizer a palavra
Repito-a obsessivamente,
Escrevo-a
Mas não a soletro
São borrões de tinta
Negrume esparso no papel
Uma sensação alienada
Lacrada nos lábios em túmulo
Sepultada...

O tempo é pedra
O tempo sele.

Mas sei que não a sei dizer
E se sei que não a sei
Existe uma prevalência
Um trono sentado
De quem é
Sem ser, Rei.
Um destino em cedência
Pontas soltas
Um papiro frágil
Um sopro de alguém

A Circunstância é lei.

E a palavra é de quem?
É minha ou tua?
Quiçá de nenhum de nós
De um outro alguém

Não se diz
É escrita.
Só suja de tinta
É limpa e bonita
É real, e minha também.

Sarah Moustafa




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