Diário dos Arruinados- XII





Ja alguma vez sentiram, literalmente, o coração a partir-se?
A desfragmentar-se, desmanchar-se, retraçar-se em poeira de doída destruição?
Já alguma vez percepcionaram o escoar de um bombear devido ao sentimento que o abandonou?
Ao sentimento recriado?
Já sentiram o inesperado momento em que tudo o que parece restar, ser nada mais que um vácuo sem fim ou finalidade, partido, dilacerado dentro da propria particularidade?
Digam-me, nunca sentiram uma espécie de inicio de trabalho de obras, nesse mesmo local, sem tão pouco o requisitarem?
E da surpresa á expectativa, nunca acalentaram uma ténue contudo tremenda esperança de um novo dia, de uma nova esperança de enfim sentirem-se senão felizes...mais saudáveis?
E nesse processo de edificação nunca sentiram outras partes a colapsar, de instável que toda a estrutura alicerçada estava?
E de novo o pensamento gritante a ecoar de todas as partes, " é desta...não voltas nunca mais."
E incrivelmente logo após o Juízo Final, nunca sentiram tudo isto novamente? 
Uma dupla, tripla. quadrupla...vez?
E nas dores e peripécias, alguma vez pararam para agradecer essa tremenda determinada vontade?
Essa que mesmo desvitaminada apraz ao apelo da divindade e autenticidade da sua natureza, relembrando a esquecida quantidade de força cósmica que lhe é impregnada?
Já alguma vez sentiram, literalmente, o coração a unir-se?
A coadunar-se num espectáculo de magia e alquimia sem Justificação?
A explicação única de ser Condão da nossa Salvação?

Sarah Moustafa

Comentários

  1. Quando o coração se parte assim, desfragmenata-se para todo o lado... E o barulho da explosão é insuportável...!

    Beijo

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